domingo, 10 de abril de 2011


Desligo a televisão. Dirijo-me para o meu quarto e abro a gaveta. A chamada gaveta das recordações, para ser um pouco mais precisa. Lá, encontro várias marcas do meu passado. Algumas que me fazem relembrar momentos que gosto de recordar, outras nem por isso. Existem fotografias da minha infância, da minha pré-adolescência e algumas fotografias recentes. Outra coisa que se fez destacar, também, foi um grande búzio; pertencia ao meu avô. Eu decidi guardá-lo, quando este partiu. Para um mundo melhor, espero eu. Mas o que eu desejava mesmo, era uma pequena caixa onde guardava as minhas principais memórias. Peguei na dita caixa o mais cuidadosamente possível e, abri-a. De lá, tirei um pequeno envelope branco, que nunca tivera coragem de abrir. Manti-o nas minhas mãos, como se fosse a coisa mais valiosa do mundo. Fixei-o com o olhar, pensando se seria o momento certo de a abrir. Sim ou não. A decisão estava tomada. Rasguei cuidadosamente o envelope, querendo que ele se mantivesse o mais preservado possível. Tirei um pequeno papel de lá de dentro, que continha um pequeno texto:


“Não precisamos de saudações. Já sabes porque te escrevo, já sabes o porquê de eu me ir embora. Sabes? Não é isto que quero. De todo. Mas é o melhor para mim, para nós os dois. Sabes bem que detesto despedidas, quero que, quando te lembres de mim, de nós, quero que te lembres daqueles olhares cúmplices, aqueles pequenos gestos e palavras. Não quero que te lembres de uma despedida. Eu vou estar sempre aqui, para ti. Principalmente, no teu coração. Nunca me esqueças, é a única coisa que te peço. Até sempre.”


Um pequeno impulso, deu-se uma explosão de sentimentos. Eu não queria. Mas a minha face foi invadida por lágrimas. De raiva, saudade e desgosto. Eu pensei que não passavam de pequenas palavras ditas na altura, um desabafo momentâneo. Não existia qualquer palavra capaz de descrever aquilo que eu estava a sentir, naquele momento. Remexi, novamente, aquela pequena caixa, até encontrar uma fotografia, um tanto ou quanto recente. E lá estávamos nós, o nosso olhar cúmplice e aquele sorriso que eu sempre tinha quando estava contigo. As saudades invadiram os meus pensamentos. Peguei na fotografia e naquela pequena carta e dirigi-me para o jardim. Peguei no isqueiro e queimei a fotografia, aquela em que parecia que iríamos durar para sempre. Esta queimou-se aos poucos, até desaparecer completamente. Foi a vez da pequena carta, com tanto sentimento, desapareceu também. Restaram apenas pequenos pedaços de cinza. Todas as memórias que tinha sobre ele, foram apagadas. Menos as do coração, que iriam permanecer. Para sempre.

3 comentários:

  1. Obrigada Beatriz :D
    Mas o teu também está liiindo *.*

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  2. obrigada, bf. *
    gosto realmente deste post. e sei perfeitamente que já passaste por muito, mas que apesar de tudo, nunca desististe, e mais do que ninguém, és muito forte. $:

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