sexta-feira, 11 de março de 2011

Em busca de um sonho



“Caminhei junto ao mar, deixando leves pegadas na areia húmida, pegadas que se apagavam quando o mar as alcançava, pegadas esquecidas, sem rumo, apagadas da história. Uma grande história, ainda por contar.
A linha do horizonte era tão definida, tão perfeita. Gostaria realmente de ver para lá daquela linha infinita. Aquela linha que alguns diziam ser imaginária. Mas, afinal, tudo o que se vê, existe. Certo?”
Sara tinha sido abandonada à nascença. Os seus olhos azuis profundos, faziam lembrar o oceano, e a grande linha por de trás dele. Os seus olhos expressavam seriedade, tristeza e desilusão. Mas nada nem ninguém poderia mudar o passado. Só mesmo quem tivesse passado pelo mesmo, sabia como Sara se sentia.
Esta era forte, independente e tinha uma grande vontade de viver a vida ao máximo, de descobrir algo mais. O seu cabelo cor-de-mel, dançava com o vento, uma brisa que embelezava o seu cabelo ondulado e um pouco selvagem.
Deixou o longo caminho e, por fim, sentou-se. Deslumbrando o mar, relembrando-se do quão mágico ele era. Tão único, calmo e insubstituível. Uma onda alcançou-a e Sarah afastou-se, temendo. Nunca ninguém a tivera protegido, sempre a tiveram abandonado, em todos os momentos (dolorosos ou vitoriosos, bons ou maus). Sara sempre fora uma criança sozinha, sem amigos ou família. Nunca confiara em ninguém, com medo de se magoar. Não havia qualquer perdão para aquilo que lhe tinham feito, logo quando acabara de nascer, logo na altura em que precisava de alguém que lhe mostrasse o mundo, que a ensinasse a viver e a distinguir as coisas boas, das más. Sempre vira todas as crianças da cidade com os seus respectivos pais, que lhes davam tudo o que queriam, e mesmo assim, faziam birras a toda a hora. Eram mimados. Haveria algo pior que isto?
A escuridão aproximava-se, a lua espreitou o céu, esperando a sua vez, para ocupar o lugar do sol, que estava prestes a tocar na linha do horizonte, originando o pôr-do-sol. Quem não gostava de deslumbrar tão perfeito acontecimento? No céu, as cores variavam entre o azul claro e o laranja escuro.
As forças eram poucas. Apesar de Sara ser uma rapariga de uma forte personalidade, não iria conseguir enfrentar todos os seus medos, todas as incertezas e desilusões.
Sara não precisava de ninguém, sempre vivera sozinha, sempre aprendera tudo sem a ajuda de ninguém. Todas as suas decisões sempre foram tomadas por ela.
Caminhou novamente até ao mar e decidiu enfrentá-lo. Decidiu que, apartir daquele momento, iria enfrentar todos os seus medos. As ondas iam contra Sara, fazendo-a ficar sem força. Mas isso não a impediu de continuar. Sentiu as suas roupas a molharem-se aos poucos, até ficarem completamente encharcadas. O seu cabelo também ficou completamente encharcado. As ondas continuavam a bater contra Sara, como que quisessem mostrar a sua força.
Os seus pés já não tocavam na areia. A única solução, era nadar. Nadar até ficar sem forças.
Sara não desistia de continuar, até que ficou sem fôlego. As suas pernas também não iriam aguentar muito mais tempo. A única solução que agora lhe restava, era deixar-se levar. Talvez quando acordasse, chegasse ao destino pretendido. O horizonte, passar para lá dele.
Deixou-se, então levar. O seu corpo afundou e perdeu os sentidos. Afinal, não fazia falta no mundo. E a sua vida acabava enquanto tentava realizar o seu sonho. Não precisava de roubar histórias a ninguém, tinha a sua própria história. Nem às estrelas.